quarta-feira, 18 de junho de 2014

Salvador Dalí - O Grande Masturbador - 1929


Salvador Dalí - O Grande Masturbador - 1929

Óleo sobre a tela (110 x 150 cm)

Museu Nacional Centro de arte Rainha Sofía, Madri.

O Grande Masturbador oferece um conjunto narrativo das associações simbólicas, das angústias e das obsessões do autor. O sentido global da pintura se complica pela elaborada iconografia de referências e ilusões. Uma figura feminina, associada a um lírio, simula uma felação (sexo oral) diante dos quadris encobertos de um homem com as pernas apoiadas sobre uma voluta de móvel modernista. O grupo parece reconduzir à presença de Gala, mulher com quem Dalí era casado e que emancipou a sexualidade infantil do pintor. O gafanhoto, as conchas e as plumas coloridas são representações de recordações da infância. No rosto, os olhos semicerrados com grandes cílios estendidos, o repartido regular dos cabelos sobre a pele arqueada por um anzol, e escultura de pedras e conchas periclitante, na altura da nuca.

A figura do leão com a língua vermelha retorcida e o emblema do complexo de castração, e ainda as feridas sobre as quais se abrem feridas habitadas por insetos. Tudo faz desse rosto, que se estende de uma base de pedra, a condensação visual do relacionamento conflitante com a figura feminina. A figura maciça e invasiva do grande rosto petrificado torna-se ainda mais monumental e alienante colocada em oposição ao horizonte baixíssimo e a simulação de profundidade infinita e insondável. A precisa instalação do rosto dentro desse deserto frio e inóspito permitia a Dalí crias uma forma simbólica e um espaço eficaz para organizar visualmente as memórias de infância, que afloravam ao longo do verão de 1929.

 

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