sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

ESTUDO SOBRE O ATRITO

ESTUDO SOBRE O ATRITO



Wenderson Rodrigues - Viçosa, 03 de Dezembro de 2014


       O atrito é o resultado da interação por contato de duas superfícies irregulares, quando essas são colocadas para deslizar ou tender a deslizar, uma sobre a outra. Quando se encosta dois ou mais objetos, os átomos que os constituem interagem uns com os outros, exercendo sobre eles uma força de atração ou repulsão. Essa força depende da constituição química dos materiais que constituem o objeto. Por exemplo, quando se coloca em contato um cubo de metal sobre uma mesa de vidro, pode-se observar que ele desliza com mais facilidade do que em uma mesa de concreto. Sabe-se que a superfície rugosa da mesa de concreto é um fator que impede o deslocamento rápido do cubo, mas a interação atômica que existe entre as superfícies dos materiais também influencia no seu deslocamento.
       A força atômica que faz um objeto ser atraído ou repelido por uma superfície de contato, depende da interação entre o núcleo atômico e a eletrosfera do átomo. Se a interação entre os elétrons de um material e o núcleo atômico do outro for mais intensa que a força de repulsão entre elétron/elétron ou próton/próton de ambos os materiais respectivamente, irá haver a atração entre eles, caso contrário, os átomos irão se repelir. Quando há a atração, que na maioria das vezes não ocorre, as superfícies se ligam quimicamente e se fundem, dando origem a um único objeto e, com isso, deixa de existir o atrito. Na maior parte das vezes o que ocorre é a repulsão, cuja resultante cria uma força de contato entre as superfícies, em que a componente perpendicular é a normal e a paralela é o atrito.
       Dizemos que quando superfícies rugosas, como por exemplo, as palmas das mãos, entram em contato e são movimentadas de forma a friccionarem, é produzido o atrito dinâmico ou cinético. Já o simples contado de uma mesa sobre o chão ou qualquer outro objeto que esteja parado em relação a sua superfície de contato, mas submetido a forças externas, tendendo ao movimento, porém ainda em repouso, denominamos atrito estático essa interação. Casso o objeto passe a se mover, o atrito deixa de ser estático e passa a ser dinâmico.
       O atrito dinâmico está presente em várias situações, como o deslizamento entre superfícies em contato, eletrização de objetos, geração de centelhas e incandescência, produção de som em instrumentos de corda, entre outros. Essa interação, que ocorrem entre superfícies em movimento, promovem trocas de energia entre os sistemas, podendo ser transferida da forma mecânica para a forma de som, calor ou eletricidade.
       Ao esfregarmos as mãos com o objetivo de aquece-las, transferimos energia de nossos músculos para promover sua movimentação uma sobre a outra. O aquecimento é gerado quando parte da energia contida no movimento se transforma em energia térmica, devida a interação por contato de ambas as mãos que, ao serem atritadas, se aquecem.


       Algo semelhante, ocorre quando um objeto entra em contado com a atmosfera de um planeta. Quando um meteoro, por exemplo, viaja pelo espaço, ele possui uma grande energia cinética e está praticamente livre de atritos. Ao se aproximar de um planeta que possui atmosfera, se a atração gravitacional for intensa o suficiente para atrai-lo, ele entrará em colisão com os átomos dos gases ou líquidos constituintes daquela camada, o que irá provocar o atrito entre o corpo celeste e a atmosfera local. Essa interação gera uma grande transformação de energia, principalmente energia de movimento em calor. A causa desta transformação é o choque que os objetos sofrem quando em contado com partículas do ar atmosférico, que colidem com os átomos constituintes do material, proporcionando um considerável aumento do grau de agitação de sua rede de átomos, tanto do objeto quanto do ar, fazendo com que o corpo perca velocidade e aumente sua temperatura, que é alta o suficiente para provocar a emissão de fótons e, com isso, torná-lo visível.


       O atrito entre dois objetos de diferente constituição química também ocasiona troca de energia. Se friccionarmos um pedaço de lã em um bastão de plástico, veremos que eles ficam eletrizados, um com falta de elétrons e o outro com excesso. Isso ocorre devido a interação elétrica entre eles que, por serem constituídos de matérias diferentes, quando atritados, podem arrancar cargas elétricas um do outro.
       Ao se esfregar um bastão de plástico ou PVC em um pedaço de lã, nota-se que o primeiro recebe elétrons. Isto ocorre, devido a aplicação de uma força no bastão necessária para movimenta-lo em relação a superfície de contato da lã. Essa força, que transfere a energia proveniente do corpo humano, realiza trabalho, e faz com que a energia química dos músculos seja transformada em energia mecânica nos braços e no bastão, gerando movimento. Logo após, por causa das irregularidades superficiais do bastão e do pano de lã, os átomos destas matérias se chocam entre si, e devido a afinidade eletrônica deles serem diferentes, alguns elétrons saltam dos átomos que constitui o tecido da lã para os átomos do bastão de plástico, tornando-o eletricamente negativo, enquanto o pano de lã fica com falta de elétrons.


       Com os exemplos citados acima, pode ser explicado a transformação de energia para a forma de som. Quase sempre, quando atritamos um material com outro é possível observar que há produção de um som, que é proveniente da colisão de dois materiais. Nessa colisão, os átomos são sujeitados a um impacto, que transfere energia na forma de trabalho para a rede de átomos que constitui o corpo receptor do impacto, ocasionando uma onda de choque, de átomo a átomo, que se propaga ao longo de todo o corpo do objeto na forma de uma onda mecânica. Essa vibração do material é transferida para o ar, que se propaga até chegar aos nossos ouvidos e então ouvimos um som. Vale lembrar que quando uma onda mecânica se propaga em um meio, essa também está sujeita à força de atrito, que é contrária a seu movimento, o que ocasiona transformação da energia da própria onda.


       Outra análise importante que aqui será feita é referente ao atrito estático. Como dito acima, sabe-se que esse só acontece quando há tendência ao movimento relativo entre duas superfícies em contato, porém com repouso mantido. Observe a figura a baixo. 

                                             
       Quando um carro se encontra estacionado em uma ladeira, ele está sujeito a força de atrito estático que o faz permanecer em repouso, mesmo tendendo ao movimento. Essa tendência é causada pela declividade da ladeira que, quanto maior for, maior será o atrito necessário, entre os pneus e o chão, para mantê-lo em repouso. A força que tenta colocar o carro em movimento é a componente tangencial do seu peso, e tem a mesma direção da ladeira. Casso o carro adquira movimento e desça ladeira abaixo, o atrito passa a ser dinâmico. Uma característica importante no atrito estático é a não ocorrência de troca de energia entre os corpos em contato. Há apenas a troca de forças entre os corpos que constituem o sistema, uma que tende a provocar o movimento e outra de sentido oposto, que impede que o corpo adquira movimento e realize trabalho. Portanto, se não há realização de trabalho não há troca de energia.

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