terça-feira, 30 de julho de 2019

CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS MODELOS DE ARISTÓTELES E PTOLOMEU SOBRE A NATUREZA DAS COISAS


CONSIDERATIONS ABOUT ARISTOTHEL MODELS AND PTOLOMEUM ON THE NATURE OF THINGS


Wenderson Rodrigues F. da Silva - Viçosa, 08 de junho de 2019.

Há entre os filósofos da Grécia antiga dois expoentes principais, cujos ideais e ensinamentos perduraram por mais de quinze séculos. São eles Aristóteles de Estagira (384 a.C. - 322 a.C.) e Ptolomeu de Alexandria (168 a.C. - 90 a.C.). Suas principais contribuições estão no campo da filosofia natural, como era chamada à época. Aqui será tratado, de forma breve, as principais contribuições desses filósofos para o entendimento da natureza, que deram um passo fundamental para seu progresso e sistematização.
Além de suas contribuições à filosofia, Aristóteles era um naturalista. Desenvolveu modelos acerca dos seres vivos, na descrição e classificação de animais e vegetais, como se vê em seu tratado “Sobre a alma”, no qual estabelece as primeiras formas de classificação dos seres vivos [1]. Ele achava que cada parte de um ser vivo assumia um fim determinado, pois, caso contrário, não seria concebível sua existência [1]. 
Seus estudos do mundo abrangeram também o campo da astronomia, física e mecânica, como chamamos hoje. Na teoria aristotélica do movimento, concebeu a ideia de lugar natural, que o levou a concluir que corpos pesados caem mais rapidamente que os leves. Desenvolveu um modelo para o cosmos, colocando a Terra, estática e esférica, no centro do universo, finito e esférico. Dividiu o mundo em sublunar (corruptível) e supralunar (incorruptível).
Seus ensinamentos contribuíram durante séculos para aqueles curiosos sobre o mundo. No século XIII, com Tomás de Aquino, a igreja católica adotou seus ensinamentos sobre filosofia, cosmologia e física [2]. Só no renascimento, com Galileu Galilei, é que as concepções acerca do mundo iriam mudar, de forma a contribuir para o abandono de grande parte das ideias de Aristóteles sobre a natureza das coisas.
            Enriquecendo a herança sobre os modelos astronômicos deixadas por Hiparco de Nicéia (190 a.C. - 120 a.C.), Cláudio Ptolomeu contribui para um modelo do cosmo que viria a durar por mais de quatorze séculos. Fixou a Terra no centro de um universo esférico e finito, que rotacionava em torno dela por combinações de movimentos uniformes e circulares, de leste para oeste. Impôs aos planetas o epiciclo, cujo centro se movia em torno da Terra sobre a circunferência de outro círculo, o deferente, cujo centro não coincidia com o da Terra. Com os epiciclos, Ptolomeu conseguiu explicar a posição dos planetas e os retrocessos no movimento de Marte. Ele expôs sua obra num compêndio de treze volumes chamado de “grande composição matemática”, que recebeu dos tradutores árabes, mais tarde, o título de “Almagesto”.
          Além do eminente trabalho como astrônomo, Ptolomeu era um grande geógrafo. Desenvolveu uma forma de representação da superfície esférica da Terra sobre uma superfície plana, criando um sistema de projeções. “Os paralelos são círculos com centro no polo norte e os meridianos círculos que convergem no polo” [4]. Descreveu o entorno do mediterrâneo com considerável precisão para a época, lançando mão de fontes como os mapas feitos pelos militares do Império Romano.
      Ambos os modelos desenvolvidos pelos dois eminentes sábios gregos contribuíram para o progresso da ciência como a conhecemos hoje. Aristóteles, por meio de sua classificação e observação empírica da realidade pode construir um sistema de “banco de dados” que contribui significativamente para a transferência e continuidade de seus estudos. Na perspectiva das teorias modernas sobre a ciência, Aristóteles apresenta traços indutivistas, devido a suas generalizações acerca dos experimentos que fazia e também um forte aspecto dedutivista, porém achava que “dada as premissas preconcebidas poderia se chegar a deduções lógicas”[1], mas ainda não foi capaz de associar as premissas a observações e experiencias, como fizera mais tarde Galileu.
       Já Ptolomeu buscou formas de adaptar o modelo de Hiparco à realidade observada, impondo hipóteses “ad hoc” para explicar os movimentos dos planetas que não estavam em concordância com o modelo geocêntrico. Mesmo com essas hipóteses, que hoje sabemos estarem erradas, os trabalhos de Ptolomeu foram amplamente aceitos, principalmente pelo fato de poderem prever acontecimentos celestes, como os eclipses e as posições dos planetas.
        O que chamamos de física, astronomia, biologia, cosmologia, geografia (parte física e cartográfica) entre outras, tem, em grande parte, contribuições de Aristóteles e Ptolomeu. Contribuições que, mesmo hoje sabendo que algumas delas estão equivocadas, foram de suma importância para que outros sábios continuassem a investigar e questionar o comportamento da natureza, e desenvolver tecnologias cada vez mais sofisticadas e, principalmente, para aprimorar o intelecto humano acerca do entendimento do cosmos.
Referências Bibliográficas
·         [1] Enciclopédias Prática Jackson
·         [2] The Scholastics - https://www.hetwebsite.net/het/schools/scholastics.htm. Acesso em 07 de julho de 2019.
·         [3] https://en.wikipedia.org/wiki/Aristotle#/media/File:Aristoteles_Louvre.jpg. Acesso em 07 de julho de 2019.
·         [4] https://en.wikipedia.org/wiki/Geography_(Ptolemy). Acesso em 07 de julho de 2019.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Outras publicações