Aula
de campo sobre solos aos arredores de Viçosa - MG
Wenderson Rodrigues Fialho da Silva - Viçosa, 20 de Agosto de 2018.
Primeira parada: Solo gnáissico aos arredores da ESUV.
Morro analisado. |
O solo apresentou-se, nesta localidade, com dois horizontes bem definidos. O horizonte C foi distinguido por apresentar mais características da rocha mãe, o gnaisse. Essa é uma rocha metamórfica, de origem ígnea (ortognaisse), com estrutura orientada (bandeamento gnáissico), cuja constituição mineralógica é composta de feldspato de potássio (linhas claras), quartzo e a mica biotita (regiões escuras), podendo haver outros minerais acessórios, dependendo das condições de formação (o que vale para outras rochas).
Ele também ( horizonte C) se encontra numa região mais baixa do barranco analisado.
Lá foi possível observar fragmentos de um bandeamento gnáissico, contendo
linhas brancas, as quais concluímos que se trata da caulinita (argila silicatada 1:1), produto do
intemperismo (hidrolise) do feldspato constituinte do gnaisse. Abaxo a reação química da hidrolise do feldspato de potássio:
Os elementos do produto dessa reação química reagem com o $Al$ formando aluminossilicatos hidratados (argilominerais), como, por exemplo, a caulinita, como se segue na reação abaixo:
Foi também observada veios de quartzo rodeados pelos veios brancos da caulinita. O solo nesse horizonte se apresentou mais úmido e com uma cor resultante avermelhada roxeada, cor essa que concluímos ser causada pelo ferro da biotita oxidado, transformado em hematita (argila oxidica) misturado com caulinita (branca). Essa região chamamos de saprolito, local onde a rocha está apodrecendo.
Amostra de um gnaisse da minha coleção. |
Amostra de gnaisse aqui da horta. Essa rocha é amplamente usada na construção civil, principalmente nas fundações. |
$KAlSi_{3}O_{8} (K feldspato) + H^+ + OH^- \rightarrow H(AlSi_{3}O_{8}) + K^+ + OH^-$ [1]
Os elementos do produto dessa reação química reagem com o $Al$ formando aluminossilicatos hidratados (argilominerais), como, por exemplo, a caulinita, como se segue na reação abaixo:
$2H(AlSi_{3}O_{8}) + 5H^+ + 5OH^- \rightarrow Al2Si_{2}O_{5}(OH)_{4} (caulinita) + 4H_{2}SiO_{3}$ [1]
Foi também observada veios de quartzo rodeados pelos veios brancos da caulinita. O solo nesse horizonte se apresentou mais úmido e com uma cor resultante avermelhada roxeada, cor essa que concluímos ser causada pelo ferro da biotita oxidado, transformado em hematita (argila oxidica) misturado com caulinita (branca). Essa região chamamos de saprolito, local onde a rocha está apodrecendo.
Horizonte C |
$Fe_{2}O_{3} + H_{2}O \rightarrow 2FeO(OH)$ [1]
Hematita goethita
(vermelha) (amarela)
Horizonte B |
Um estudo mais detalhado desse solo para as Aulas de Campo da disciplina SOL220 foi realizado pelo Departamento de Solos -UFV, afim de aprimorar a compreensão sobre a análise de um solo. Segue abaixo:
Análise do perfil do solo próximo a ESUV, o mesmo aqui citado. |
Segunda parada: Solo diabásico aos arredores da CENTEV.
Eu e a rocha mãe desse solo, o diabásio, em Julho de 2015. |
Nessa região pode-se observar, logo na chegada (imagem acima), a rocha mãe geradora do solo naquela microrregião analisada, o diabásio. Essa rocha ígnea intrusiva ocorre principalmente na forma de diques ( intromissão de magma em forma alongada através das camadas da crosta terrestre [2]) ou em massa intrusivas (derramamentos). É uma rocha básica de cor escura e a composição mineralógica é de plagioclásios básicos (labradorita), piroxênios (principalmente a augita), magnetita e ilmenita.
Amostra de um diabásio da minha coleção. |
Esfoliação esferoidal do diabásio. Essa amostrá não é da região analisada aqui. |
Esfoliação na rocha Diabásio (região analisada). |
Resquícios da rocha no barranco (região analisada). |
Registro da esfoliação esferoidal do diabásio no perfil do barranco (região analisada). Horizonte C. |
Acreditamos que o horizonte C é o que estava mais próximo da rocha mãe,
o com cor bege esbranquiçado, indo em direção ao horizonte B e A mais no topo
do barranco, com o B apresentando-se mais vermelho-amarronzando. Trata-se, também, de um Latossolo.
Horizonte C, mais no sopé do barranco (região analisada). |
Horizonte B, no topo do barranco. |
Como o diabásio apresenta em sua constituição um mineral ferromagnético, a magnetita ($Fe_{3}O_{4}$), foi feito um teste magnético com o imã, com intuito de observar uma possível atração e compara-lo com aqueles solos coletados na ESUV (que também tem um mineral ferro magnético, a hematita ($Fe_{2}O_{3}$), mas que não apresenta atração magnética no solo forte quanto a da magnetita, o que contribuí para suas distinções). O solo do diabássio apresentou ser mais magnético, sendo
mais atraído pelo imã do que o solo gnáissico, como pode-se observar na figura abaixo:
Tanto o MINERAL hematita quanto a magnetita são atraídas por imãs. Talvez o grau de oxidação do ferro, que na hematita é $Fe^{2+}$ e na magnetita $Fe^{3+}$, ou até mesmo a concentração de ferro em ambos os solos, que podem ser diferentes, interferem na atração, fazendo com que no solo gnáissico não se observar atração magnética.
Em breve postarei experimentos sobre plasticidade, porosidade, estrutura e capilaridade em solos.
Referências Bibliográficas:
Atração Magnético dos solos. |
Tanto o MINERAL hematita quanto a magnetita são atraídas por imãs. Talvez o grau de oxidação do ferro, que na hematita é $Fe^{2+}$ e na magnetita $Fe^{3+}$, ou até mesmo a concentração de ferro em ambos os solos, que podem ser diferentes, interferem na atração, fazendo com que no solo gnáissico não se observar atração magnética.
Em breve postarei experimentos sobre plasticidade, porosidade, estrutura e capilaridade em solos.
Referências Bibliográficas:
[1] Geologia
e Pedologia - Universidade Federal de Viçosa, Centro de Ciências Agrárias,
Departamento de Solos.
[2] GERRA, A. T. Dicionário
Geológico – Geomorfológico. 3.ed. Rio de Janeiro: Fundação IBGE, 1969.
DANA, J. D. Manual de mineralogia (Vol. 1). 3ª edição. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. 1976.
LEINS, V.; AMARAL, S.
E. Geologia Geral. 15.ed. São Paulo: Ed. Nacional, 2001.
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