Wenderson Rodrigues – Viçosa, 27 de julho de
2015
Neste artigo sobre neurociência serão apresentados,
de forma breve, a estrutura e o funcionamento das principais células do tecido
nervoso, as células da glia e os neurônios, principais constituintes do sistema
de integração corporal, o sistema nervoso. Na sequência veremos a natureza do
impulso nervoso e como os neurônios fazem a transmissão desses impulsos entre
eles. Com o aprendizado acerca das características estruturais de um neurônio,
podemos entender como o sistema nervoso funciona, e compreender que é por meio
dos impulsos elétricos que podemos mandar para os músculos e receber dos órgãos
sensitivos estímulos.
ESTRUTURA DO NEURÔNIO
Os neurônios são células do sistema nervoso
responsáveis pela transmissão e recepção de estímulos nervosos. Eles são
formados pelo corpo celular, dendritos e axônios.
O corpo celular é a parte do neurônio onde se
encontra o núcleo e as demais organelas. Já os dendritos são prolongamentos
ramificados do corpo celular especializados na recepção de estímulos nervosos
provenientes de outros neurônios ou de células sensoriais. São semelhantes aos
galhos de uma árvore e funcionam como uma antena nos neurônios capitando os
estímulos nervosos. E por último, os axônios, uma estrutura exclusiva dos
neurônios, especializada na transferência de informações ao longo do sistema
nervoso.
Vejam a figura esquemática de um neurônio:
O espaçamento entre as bainhas de mielina é
chamado de nódulos de Ranvier. Essa” interrupção” facilita um movimento mais
ágil do impulso nervoso, que vai ocorrendo em saltos, ganhado com isso, maior
velocidade de propagação.
CÉLULAS DA GLIA
Existe também as células que envolvem protegem e
nutrem os neurônios, sendo elas os astrócitos, os oligodendrócitos e as células
de Schwan.
Os astrócitos são as células da glia mais numerosas no encéfalo (parte do
sistema nervoso central contida na cavidade do crânio). Essas células são as
responsáveis pelo preenchimento do espaço entre os neurônios e da regulação do
conteúdo químico no espaço extracelular, evitando por exemplo, que substâncias
extracelulares interfiram nas funções neurais.
Existem também as células chamadas de
oligodendrócitos, que formam a membrana que isola o axônio (prolongamento principal do neurônio), chamada de banha de
mielina. Os oligodendrócitos são encontrados no sistema nervoso central
(encéfalo e medula espinhal) são as células da glia responsáveis pela formação,
e manutenção das bainhas de mielina dos axônios.
Já no sistema nervoso periférico, atuam as
células de Schwan com funções semelhantes às dos oligodendrócitos. Essas são
responsáveis por produz a mielina que envolve os axônios dos neurônios do sistema nervoso periférico, que sobrepostos formam o nervo, uma estrutura de forma
semelhante a um cabo, constituído de axônios e dendritos, que levam e trazem as
mensagens de todas as partes do corpo para o sistema nervoso central. Essa
proteção da bainha de mielina isola eletricamente os nervos e, assim, permite a
propagação rápida dos impulsos nervosos.
NATUREZA DO IMPULSO
NERVOSO
Em um neurônio em repouso, os fluxos iônicos
para dentro e para fora da célula se contrabalançam, de modo que a separação de
cargas entre as duas faces da membrana permanece constante e o potencial
elétrico da membrana conserva seu valor de repouso. A membrana da célula atua
como um capacitor e pode controlar a passagem dos íons (Na+) e (K+) por meio da
abertura ou fechamento dos seus poros ou condutos.
Quando um neurônio sofre um estimulo externo,
como por exemplo, a picada de uma abelha ou até mesmo o ato de ler este artigo,
canais iônicos nas membranas
das células possibilitam a passagem dos íons (k+) e (Na+), o que causa a
imersão ou emersão desses íons na membrana, desestabilizando o equilíbrio
elétrico entre o interior e o exterior da célula. Quando isso acontece, por um processo
denominado despolarização, ocorre alterações no potencial elétrico da célula.
Esse influxo de íons através dos canais iônicos
da membrana faz com que seja gerado um potencial de ação, que conduz as
informações do estimulo e irrita a porção seguinte da membrana
instantaneamente, forçando-a a repetir o processo.
As alterações elétricas na membrana plasmática
do neurônio durante impulso nervoso ocorre devido a mudanças temporárias em sua
permeabilidade aos íons Sódio (Na+) e aos íons Potássio (K+). Quando uma área
despolarizada está se repolarizando, a outra imediatamente a sua frente está se
despolarizando, tudo isso devido a diferença da concentração iônica entro o
interior e o exterior da membrana celular. Essa condição cria uma diferença de
potencial entre as duas faces da membrana chegando a medir cerca de -70mV.
Assim, o potencial de ação se propaga como uma
corrente elétrica até o próximo neurônio, passando as informações do impulso nervoso
de um para o outro, em um processo chamado sinapse.
SINAPSES
São zonas de contato especializadas na qual um
neurônio se comunica com o outro. Ocorre quando a região próxima da extremidade
do axônio se junta com um neurônio vizinho. Esse pareamento por onde se dá a
transmissão do impulso nervoso é a sinapse.
Existe dois tipos de sinapse, a química e a
elétrica. A sinapse química caracteriza-se pela ausência de contato físico
entre os neurônios. Para que os estímulos nervosos se propaguem, os terminais
sinápticos nos axônios dilatam-se e são liberados substâncias denominadas
neurotransmissores que ficam responsáveis por propagar o estímulo. Na membrana
pré-sináptica, a informação que viaja na forma de impulsos elétricos ao longo
do axônio é convertida, no terminal axonal, em sinal químico, que por sua vez,
cruza a fenda sináptica. Após liberado esses mediadores químicos, eles se ligam
a membrana da célula pós-sináptica, que se for um neurônio, são convertidos
novamente, gerando um novo impulso elétrico.
Já na sinapse elétrica, as membranas das células
comunicantes se unem, permitindo que o potencial de ação passe diretamente, sem
mediadores químicos, de uma célula à outra.
SINAPSE NERVO-MÚSCULO
Quando estamos nos movimentando a transmissão dos
impulsos elétricos provenientes do cérebro para nossos músculos se dá através
da sinapse nervo-músculo. Os nervos fazem parte do sistema nervoso
periférico e são responsáveis pela transmissão do impulso
elétrico nervoso. Esses são responsáveis em levar as mensagens de todas as
partes do corpo para o sistema nervoso
central e trazem de volta para a medula espinal e para as diversas partes do corpo.
O axônio do neurônio motor inerva a placa motora,
uma região da membrana do músculo. A
partir daí, é liberado neurotransmissores que possibilitam a troca de
informação entre o nervo e o músculo, possibilitando-o responder ao estimulo
enviado pelo cérebro.
Todos os movimentos, percepções, ações, emoções
e tantas outras coisas que regem o funcionamento do nosso corpo e da nossa vida
têm com princípio o que foi dito acima, contudo, o assunto é bem mais complexo
e detalhado. Esse artigo sobre neurociência é uma forma de divulgação,
principalmente para leigos no assunto, que queiram conhecer um pouco sobre o
funcionamento do nosso sistema nervoso.
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