sexta-feira, 21 de agosto de 2015

NATUREZA E FUNCIONAMENTO DOS IMPULSOS ELÉTRICOS NO SISTEMA NERVOSO


Wenderson Rodrigues – Viçosa, 27 de julho de 2015


         Neste artigo sobre neurociência serão apresentados, de forma breve, a estrutura e o funcionamento das principais células do tecido nervoso, as células da glia e os neurônios, principais constituintes do sistema de integração corporal, o sistema nervoso. Na sequência veremos a natureza do impulso nervoso e como os neurônios fazem a transmissão desses impulsos entre eles. Com o aprendizado acerca das características estruturais de um neurônio, podemos entender como o sistema nervoso funciona, e compreender que é por meio dos impulsos elétricos que podemos mandar para os músculos e receber dos órgãos sensitivos estímulos.

ESTRUTURA DO NEURÔNIO

        Os neurônios são células do sistema nervoso responsáveis pela transmissão e recepção de estímulos nervosos. Eles são formados pelo corpo celular, dendritos e axônios.
          O corpo celular é a parte do neurônio onde se encontra o núcleo e as demais organelas. Já os dendritos são prolongamentos ramificados do corpo celular especializados na recepção de estímulos nervosos provenientes de outros neurônios ou de células sensoriais. São semelhantes aos galhos de uma árvore e funcionam como uma antena nos neurônios capitando os estímulos nervosos. E por último, os axônios, uma estrutura exclusiva dos neurônios, especializada na transferência de informações ao longo do sistema nervoso.

           Vejam a figura esquemática de um neurônio:


     O espaçamento entre as bainhas de mielina é chamado de nódulos de Ranvier. Essa” interrupção” facilita um movimento mais ágil do impulso nervoso, que vai ocorrendo em saltos, ganhado com isso, maior velocidade de propagação.

CÉLULAS DA GLIA

       Existe também as células que envolvem protegem e nutrem os neurônios, sendo elas os astrócitos, os oligodendrócitos e as células de Schwan.

      Os astrócitos são as células da glia mais numerosas no encéfalo (parte do sistema nervoso central contida na cavidade do crânio). Essas células são as responsáveis pelo preenchimento do espaço entre os neurônios e da regulação do conteúdo químico no espaço extracelular, evitando por exemplo, que substâncias extracelulares interfiram nas funções neurais.

        Existem também as células chamadas de oligodendrócitos, que formam a membrana que isola o axônio (prolongamento principal do neurônio), chamada de banha de mielina. Os oligodendrócitos são encontrados no sistema nervoso central (encéfalo e medula espinhal) são as células da glia responsáveis pela formação, e manutenção das bainhas de mielina dos axônios.

     Já no sistema nervoso periférico, atuam as células de Schwan com funções semelhantes às dos oligodendrócitos. Essas são responsáveis por produz a mielina que envolve os axônios dos neurônios do sistema nervoso periférico, que sobrepostos formam o nervo, uma estrutura de forma semelhante a um cabo, constituído de axônios e dendritos, que levam e trazem as mensagens de todas as partes do corpo para o sistema nervoso central. Essa proteção da bainha de mielina isola eletricamente os nervos e, assim, permite a propagação rápida dos impulsos nervosos.


NATUREZA DO IMPULSO NERVOSO

       Em um neurônio em repouso, os fluxos iônicos para dentro e para fora da célula se contrabalançam, de modo que a separação de cargas entre as duas faces da membrana permanece constante e o potencial elétrico da membrana conserva seu valor de repouso. A membrana da célula atua como um capacitor e pode controlar a passagem dos íons (Na+) e (K+) por meio da abertura ou fechamento dos seus poros ou condutos.


          Quando um neurônio sofre um estimulo externo, como por exemplo, a picada de uma abelha ou até mesmo o ato de ler este artigo, canais iônicos nas membranas das células possibilitam a passagem dos íons (k+) e (Na+), o que causa a imersão ou emersão desses íons na membrana, desestabilizando o equilíbrio elétrico entre o interior e o exterior da célula. Quando isso acontece, por um processo denominado despolarização, ocorre alterações no potencial elétrico da célula.

        Esse influxo de íons através dos canais iônicos da membrana faz com que seja gerado um potencial de ação, que conduz as informações do estimulo e irrita a porção seguinte da membrana instantaneamente, forçando-a a repetir o processo.


           As alterações elétricas na membrana plasmática do neurônio durante impulso nervoso ocorre devido a mudanças temporárias em sua permeabilidade aos íons Sódio (Na+) e aos íons Potássio (K+). Quando uma área despolarizada está se repolarizando, a outra imediatamente a sua frente está se despolarizando, tudo isso devido a diferença da concentração iônica entro o interior e o exterior da membrana celular. Essa condição cria uma diferença de potencial entre as duas faces da membrana chegando a medir cerca de -70mV.

          Assim, o potencial de ação se propaga como uma corrente elétrica até o próximo neurônio, passando as informações do impulso nervoso de um para o outro, em um processo chamado sinapse.

SINAPSES

          São zonas de contato especializadas na qual um neurônio se comunica com o outro. Ocorre quando a região próxima da extremidade do axônio se junta com um neurônio vizinho. Esse pareamento por onde se dá a transmissão do impulso nervoso é a sinapse.

       Existe dois tipos de sinapse, a química e a elétrica. A sinapse química caracteriza-se pela ausência de contato físico entre os neurônios. Para que os estímulos nervosos se propaguem, os terminais sinápticos nos axônios dilatam-se e são liberados substâncias denominadas neurotransmissores que ficam responsáveis por propagar o estímulo. Na membrana pré-sináptica, a informação que viaja na forma de impulsos elétricos ao longo do axônio é convertida, no terminal axonal, em sinal químico, que por sua vez, cruza a fenda sináptica. Após liberado esses mediadores químicos, eles se ligam a membrana da célula pós-sináptica, que se for um neurônio, são convertidos novamente, gerando um novo impulso elétrico.


         Já na sinapse elétrica, as membranas das células comunicantes se unem, permitindo que o potencial de ação passe diretamente, sem mediadores químicos, de uma célula à outra.

SINAPSE NERVO-MÚSCULO

       Quando estamos nos movimentando a transmissão dos impulsos elétricos provenientes do cérebro para nossos músculos se dá através da sinapse nervo-músculo. Os nervos fazem parte do sistema nervoso periférico e são responsáveis pela transmissão do impulso elétrico nervoso. Esses são responsáveis em levar as mensagens de todas as partes do corpo para o sistema nervoso central e trazem de volta para a medula espinal e para as diversas partes do corpo.


            O axônio do neurônio motor inerva a placa motora, uma região da membrana do músculo.  A partir daí, é liberado neurotransmissores que possibilitam a troca de informação entre o nervo e o músculo, possibilitando-o responder ao estimulo enviado pelo cérebro.

        Todos os movimentos, percepções, ações, emoções e tantas outras coisas que regem o funcionamento do nosso corpo e da nossa vida têm com princípio o que foi dito acima, contudo, o assunto é bem mais complexo e detalhado. Esse artigo sobre neurociência é uma forma de divulgação, principalmente para leigos no assunto, que queiram conhecer um pouco sobre o funcionamento do nosso sistema nervoso.






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