Demonstração sobre a 1ª Lei da Termodinâmica
Equivalente mecânico do calor
Wenderson Rodrigues Filaho da Silva, UFV, 20 de março de 2018.
OBJETIVO
Realizar uma demonstração experimental a
respeito da primeira lei da termodinâmica, enfatizando a equivalência entre a
energia mecânica e o calor.
CONTEXTO TEÓRICO
Esfregando dois
pedaços de madeira, o homem das cavernas conseguia produzir o fogo que o
aquecia em tempos frios e o iluminava nos interiores das cavernas.
Posteriormente, utilizando também o fogo, o homem notou que os alimentos
ficavam mais saborosos quando cozidos. Há tempos as palavras calor, quente e
frio têm encontrado, no senso comum, um significado que, devido a sua validade,
tal como a mensuração pelo sentido do tato são, há muito tempo, largamente
utilizadas. Podemos dispor em ordem diversos corpos, do mais quente para o mais
frio, identificar as estações de plantio e colheita de uma cultura e, também,
tomar ciência das condições climáticas favoráveis para a escolha de uma
vestimenta. “Hoje está fazendo calor, vista uma roupa mais fresca.”; “não toque
neste recipiente, ele está quente.”; “nossa! Que sala fria! Desligue o ar
condicionado!”. Essas e outras, são frases que popularmente ouve-se falar, mas,
devido a sua particularidade, principalmente por ter origem em pessoas
distintas, não podemos confiar precisamente. O nosso sentido é limitado em
amplitude e precisão, não servido assim para utilização em ciência.
Foi apenas no século
XVIII, época esta em que a mecânica do movimento atingira um estágio que a
descrição dos movimentos dos planetas já era bem conhecida, que estudos de Benjamin
Thomson, o conde Rumford (1753 - 1814) - físico norte-americano de Boston e
posteriormente de James Prescott Joule (1818 - 1889) - físico inglês, ambos na
época chamados de filósofos naturais, que se teve uma formulação concisa a
respeito do conceito de calor, possibilitando a descrição da natureza das
transformações térmicas, as quais relacionam a energia mecânica de um sistema
com o calor, que veio a ser considerado uma forma de energia em trânsito.
[1]Observações feitas
por um médico alemão, Julius Robert Mayer (1814 - 1878 ), em 1842, já apresentavam a ideia de
que a energia se conservava em todo o universo.
Mas como dito, foi Joule que verificou experimentalmente e concluiu tais
observações, o que posteriormente fundamentou a formulação matemática a
respeito da termodinâmica feita por Hermann von Helmholtz (1821 - 1894), matematico, medico e físico alemão, em 1847.
O estudo das relações
quantitativas entre o calor e outras formas de energia é chamada de
Termodinâmica. Neste experimento usaremos a primeira lei da termodinâmica para
estudarmos a relação entre a energia calorifica e a energia mecânica, buscando
obter a seguinte equivalência:
$1$ $Caloria$ $=$ $4,18$ $Joules$
A primeira lei enuncia que: “A variação da Energia Interna, $∆U$ ,de um sistema vale o Calor, $Q$, que lhe é fornecido menos o Trabalho, $τ$ ,que ele realiza”.
Matematicamente: $∆U = Q-τ$
Um sistema mudará sua energia interna numa mesma quantidade, independentemente se a interação for somente por troca de calor (trabalho nulo) $∆U=Q$, ou somente pela realização de trabalho (não há trocas de calor com o meio externo), ou seja $∆U= -τ$, isto é, sua energia interna sofrerá a mesma variação. Como em nosso dispositivo consideraremos que toda energia gasta pelo motor será transferida na forma de energia mecânica para o sistema (calorímetro e água) e essa energia será totalmente convertida em energia interna pelo sistema. Segue que:
$∆U=Q$ e $∆U=-τ$ → $Q_{recebido pela água}= - τ_{trânsferido à água}$
Observação: Na
convenção de sinal do trabalho em Termodinâmica, ele é positivo quando
realizado pelo sistema sobre a vizinhança e negativo quando realizado pela
vizinhança sobre o sistema, que é o presente caso, daí a necessidade do sinal
menos para que o valor seja positivo.
Logo, temos que:
$m_{água}.c_{água}.∆T+C.∆T= V.i.t$ (1)
Onde $m$ é a massa (em gramas) de água utilizada, $c$ é o calor específico da água (em calorias/(grama. grau celcius)), $∆T$ é a variação da temperatura (em graus celcius) do sistema (água mais calorímetro), $C$ é a capacidade térmica do calorímetro (em calorias/grau celcius) e $V$, $i$, $t$ são respectivamente, a tensão (volts) aplicada ao motor, a corrente elétrica (amperes) e o tempo (segundos) de funcionamento do motor (dispositivo de agitação).
Notem que há algumas grandezas físicas desconhecidas para alguns, todavia servirão para que possamos calcular a energia elétrica fornecida ao sistema, que será transformada em energia mecânica nas pás. Sendo assim, adotem no momento como sendo uma ferramenta útil e simples, que vocês verão com mais detalhes na terceira série do ensino médio.
MATERIAIS
Um motor de 12
volts; um eixo acoplado a uma pá (que movimentará a água e foi confeccionada
com um parafuso e uma forma de empadas); um termômetro; um calorímetro (feito
com uma lata de embalagem e um copo de isopor); fonte de 5 volts; suporte para
fixar o motor; um amperímetro; um voltímetro; um cronômetro; uma balança; um
copo; água.
EXPERIMENTOS
METODOLOGIA PARA MONTAGEM DO EXPERIMENTO
Primeiramente, disponha os materiais sobre uma mesa. Com
o auxílio da balança pese 150 g de água (caso tenha acesso, use água
destilada), que corresponde a mais ou menos 150 ml. Para facilitar a pesagem,
coloque o copo sobre a balança e clique na opção tarar, caso a tenha. Logo após,
despeje as 150g de água no calorímetro. Com o motor já acoplando no eixo,
fixe-o no suporte e coloque seu eixo dentro do calorímetro (como na foto
abaixo). Tampe o calorímetro e coloque o termômetro no furo que se encontra na
tampa até o mesmo encostar na água. Aguarde uns 5 minutos. Observe se o eixo
encosta nas laterais do calorímetro e caso encoste, ajuste-o até que gire livremente
e em contato com a água.
A fonte de tensão que utilizaremos
já dispõe de um amperímetro e um voltímetro acoplados, o que facilitará na
montagem do experimento. Caso a fonte utilizada não tenha esses dispositivos
acoplados, deve-se liga-los de modo que o voltímetro fique em paralelo com a
fonte e o amperímetro fique em série com a mesma. Feito isso, com a fonte
previamente ajustada para 5 volts e ainda desligada, deve-se conectar os
respectivos terminais da fonte ao motor.O esquema do circuito (fonte, motor mais medidores) é o que se segue abaixo:
Esquema elétrico da montagem: fonte regulável ligada ao motor com o amperímetro em série e o voltímetro em paralelo com a mesma. |
METODOLOGIA PARA EXECUÇÃO DO EXPERIMENTO
Já
com todo aparato experimental montado, zere o cronômetro e com todos ajustes
citados anteriormente já executados, dispare o cronômetro e ligue a fonte.
Observe se o amperímetro está realizando a medida da corrente elétrica e se a
tensão corresponde ao valor previamente estabelecido, caso varia um pouco,
basta considerá-la na hora dos cálculos. Espere até que a água varie sua
temperatura em 0,1 ou mais, o que levará, em média,
135 segundos. Faça as anotações dos valores das grandezas envolvidas, $m$, $c$, $∆T$, $C$ $V$, $i$, $t$. A capacidade térmica do calorímetro foi previamente calculada (com o eixo do motor em seu interior), sendo $C={21,7 calorias}/(°C)$.
QUESTIONÁRIO
1. Com
base no procedimento experimental proposto, qual foi a relação encontrada,
utilizando a equação (1), do valor em calorias fornecido à água em relação ao
trabalho realizado pelo sistema mecânico?
2. O
valor do equivalente calorifico em joules é o previsto? Ou seja, 1 caloria é
igual a 4,18 joules? Se não, comente sobre as fontes que podem ter ocasionado o
erro.
3. O
experimento ilustra o conceito de transferência de energia mecânica em energia térmica?
Se sim, como?
FONTES DAS IMAGENS:
Figura 1: http://digilander.libero.it/calchic/termod/immagini/joule.jpg;
http://images.fineartamerica.com/images-medium-large/count-rumford-benjamin-thompson-science-source.jpg
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
[1] Enciclopedia
Prática jackson
WILLIAMS,
J.E.; METCALFE, H.C.; TRINKLEIN, F.E.;LEFLER, R.W.;MELO, L.J.S. Física Moderna:
curso programado. Editora Renes: Rio de Janeiro. 1ºV,1970, Unidade 3